Produção Integrada-Boas práticas de campo produz batatas sadias e incentiva a produção integrada

A produção de batata que predomina no Brasil é altamente tecnifi cada e não há como não ser. O produtor que o diga. Hoje já não há lugar para oportunistas leigos, atraídos pelos altos preços sazonais. Estes permanecem por poucos anos na atividade e migram, normalmente menos capitalizados, para soja, algodão, gado, cana ou outro canto-de-sereia. Para fazer frente aos constantes desafi os da complexa cadeia de comercialização, o bataticultor depende de altas produtividades associadas à aparência dos tubérculos, sempre ameaçadas pelo grande número de pragas e doenças que afetam a cultura. Pelo lado da produção, enfrentar as difi culdades sanitárias na bataticultura moderna requer estrutura que vai desde terreno e máquinas adequados até um conjunto de conhecimentos de uma já existente rede de informações técnicas, que permite a tomada de decisýes rápidas e precisas. Embora poucos ainda pensem desta maneira, é um erro comum, e caro, pensar em “tocar” uma lavoura de batata como se prepara um bolo: “seguindo cuidadosamente uma receita de família, não há como não ter um bom produto”. Mas, produzir batata é bem diferente de fazer bolo. Não há como seguir “aquela” receita, pois cada lavoura é distinta da outra e, por isso, deve ser conduzida de maneira diferente. Por exemplo, imaginemos dois plantios da mesma cultivar de batata na mesma fazenda, porém em épocas diferentes. Muda o clima e, com ele, a taxa de crescimento das plantas, a taxa de absorção de nu trientes (com isso necessidade de adubação), o manejo da irrigação, o ciclo da cultura, dentre outras variáveis, que acabam afetando a ocorrência de doenças e, consequentemente, a produtividade e a qualidade do produto. O mesmo exercício pode ser feito com dois cultivos de batata na mesma época, porém em terrenos diferentes ou com cultivares diferentes. A decisão, a adoção e os ajustes de medidas culturais para a produção de cada lavoura dependem de um conjunto de tecnologias que, justiça seja feita, até já vêm sendo adotadas por boa parte dos produtores e responsáveis técnicos bem treinados, experientes, embora nem sempre ecologicamente conscientes. Como a oferta de “batata orgânica” ainda é incipiente e deverá seguir em pás sos lentos, em virtude da complexidade da cultura, a grande demanda por uma batata de melhor qualidade deverá em curto prazo, ser fornecida pela Produção Integrada de Batata (PIB), idealizada para proporcionar um sistema de produção sustentável, menos agressivo à natureza e sem resíduos de agrotóxicos para os consumidores. A PIB, entre outras recomendações, determina medidas de controle fi tossanitários (sejam elas profi láticas ou, principalmente, preventivas) que devem ser tomadas no momento correto. São as Boas Práticas de Cultivo, essenciais para quem pretende aliar produtividade, qualidade, segurança e respeito ambiental. Neste sentido, uma lista de itens, em ordem mais ou menos cronológica, é oferecida a seguir, com o intuito de servir de lembrete aos produtores para que medidas estratégicas de controle de pragas e doenças não sejam omitidas ou tomadas tardiamente. Não se tem a pretensão de esgotar esta lista, pois se entende que cada lavoura conta com estrutura, pessoal e condições específi cas que exigirão adaptações locais. Aplicadas as Boas Práticas de Cultivo, as chances de boa produtividade, com qualidade e respeito à natureza, são signifi cativamente aumentadas. Daí… bons negócios!


 


No planejamento  


• O terreno é apropriado em termos de localização (sem histórico recente de plantio de solanáceas e distante de outros campos eventualmente infestados), declividade, compactação, textura e estrutura do solo e resíduos de herbicidas?  


• Foi feita análise de solo para proporcionar adubação equilibrada ? 


• A água de irrigação é de boa qualidade e não recebe afluentes contaminados com patógenos e produtos químicos? 


• A cultivar é adequada em relação ao mercado e à época de plantio?  


• A batata-semente é de boa qualidade e foi armazenada em galpão limpo?  


• Os agrotóxicos, o calcário e os fertilizantes foram providenciados? Estão bem armazenados e dentro do prazo de validade? Os agrotóxicos são de classe toxicológica baixa?  


• As máquinas e equipamentos, principalmente as de preparo de solo e plantio, estão disponíveis e em bom funcionamento? 


• O sistema de irrigação está ajustado e o uso da água está legalizado?  


• Tem pessoal bem treinado e ciente das suas funções na lavoura?  


• Os equipamentos de proteção (EPI) para os aplicadores de produtos químicos foram providenciados?   


 


Na preparação da área de plantio  


• A calagem e a adubação foram definidas com base na análise do solo?  


• O calcário foi aplicado de maneira uniforme na época e na dose correta?  


• O solo foi preparado adequadamente para possibilitar uma boa emergência da batata-semente?  


• A área foi sistematizada para permitir o bom funcionamento do sistema de irrigação e evitar erosão no terreno?  


• Foi colhida amostra da água para certificação da sua pureza e seu pH?  


• Controle de plantas daninhas no terreno e arredores foi providenciado?   


 


No plantio 


• Foi feita irrigação prévia (um a três dias de antecedência) para deixar o solo ligeiramente úmido (além de facilitar o plantio, torna desnecessária irrigação logo após o plantio, pois esta favorece o apodrecimento da batata-semente)? 


• As plantas daninhas estão sob controle, inclusive as espécies nos arredores da lavoura que podem ser hospedeiras de pragas e patógenos? 


• O adubo foi colocado na posição correta em relação à batata-semente para evitar a queima dos brotos? 


• A batata-semente está bem brotada e foi retirada da câmara com antecedência para secar antes de ser plantada? 


• O plantio foi feito em espaçamento e profundidade adequados e com cuidado para evitar quebra dos brotos e ferimentos? 


• Em terrenos já intensamente cultivados, foi aplicado fungicida e inseticida de solo com o nível de toxicidade permitido? 


• Sementes podres foram devidamente descartadas e destruídas para não contaminar a água e o campo? 


 


Após o plantio / antes da emergência 


• Observou se plantas daninhas necessitam tratamento pré-emergência? 


• O solo é mantido devidamente úmido (sem excesso ou falta de água)? 


• Há risco de erosão ou acúmulo de água na área? 


 


Na fase vegetativa 


• A água de irrigação tem sido fornecida no momento certo, de maneira correta e em volume adequado? 


• O controle de plantas daninhas em pós-emergência mostra-se suficiente? 


• A amontoa é feita corretamente, na época certa e sem causar ferimentos nas ramas? 


• A aplicação de inseticicidas e fungicidas, registrados e eficazes, está sendo feita na hora e intervalos corretos, com base em monitoramento da população de insetos e/ou no clima?   


• Os equipamentos de aplicação de agrotóxicos são revisados para operarem adequadamente? 


• O monitoramento do campo é feito regularmente para identificar eventuais focos de doenças e pragas? 


 


Na fase de tuberização 


• O volume de água de irrigação e a sua distribuição são monitorados para evitar excessos, que são responsáveis por podridões nos tubérculos? 


• Ãgua tem sido aplicada em quantidade suficiente para garantir boa produtividade e promover boa formação de pele? 


• Tubérculos são devidamente examinados para definir a época adequada de dessecação de ramas? 


 


Na colheita e no transporte 


• O tempo de fixação da pele dos tubérculos após a morte das ramas, que previne o esfolamento e a entrada de bactérias, é suficiente? 


• A colheita é feita em solo seco (porém não muito seco) para evitar aderência excessiva de solo nos tubérculos? 


• A colheita é feita com cuidado para evitar ferimentos, que são portas de entrada de fungos e bactérias? 


• As caixas/sacos de colheita e transporte são limpos e desinfestados? 


• Os tubérculos são recolhidos imediatamente após a colheita para evitar queima de sol? 


• O transporte dos tubérculos para a lavadora é feito em veículo adequado para não provocar ferimentos excessivos? 


 


Na lavação, embalagem e comercialização 


• A lavadora é de boa qualidade para evitar ferimentos durante a lavação? 


• A lavadora foi sanitizada após a última operação? 


• O túnel de secagem é suficientemente longo e quente para promover a secagem dos tubérculos antes do ensacamento? 


• O descarte de tubérculos deteriorados é eficaz para evitar contaminação de outros tubérculos? 


• O ensacamento e empilhamento são feitos de modo cuidadoso para evitar excesso de impacto nos tubérculos? 


• A água de lavação é de boa qualidade? 


• A água residual da lavação é descartada e tratada adequadamente? 


• O transporte é feito em veículos apropriados, condizentes com a distância do mercado? 


• Outras medidas, de aplicação local ou regional, são devidamente aplicadas?


 


Carlos A. Lopes


Embrapa Hortaliças


clopes@cnph.embrapa.br

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