Marcelo Cleón de Castro Silva (1)
Paulo Cezar Rezende Fontes (2).
(1) UFV, Pós-Doutorando no Departamento de Fitotecnia, Bolsista do CNPq,
CEP 36571-000, Viçosa(MG)
E-mail: mdecastro70@yahoo.com.br
(2) UFV, Prof. do Departamento de Fitotecnia, Bolsista do CNPq,
CEP 36571-000 Viçosa(MG)
E-mail: pacerefo@ufv.br
Como utilizar nitrogênio para a obtenção de melhores resultados
O preço do fertilizante nitrogenado ainda tem participação relativamente pequena no custo de produção da batata quando comparado aos demais insumos. Porém, com a demanda mundial aquecida, o preço do adubo nitrogenado está em vertiginosa ascensão. Mesmo assim, bataticultores elevam a dose de nitrogênio (N) podendo haver gasto desnecessário, decréscimos de produtividade e de qualidade dos tubérculos e potencial para aumento da poluição ambiental. Tais fatos ocorrem também em outros países (Ilin et al., 2000; Belanger et al., 2002). Portanto, ajuste constante no programa
de fertilização de N para a cultura da batata é uma preocupação mundial. No programa de adubação nitrogenada é imprescindível haver respostas para indagações do tipo: com qual, quando, como, quanto e onde adubar (Fontes, 2005). Associando-se o manejo da adubação nitrogenada com conhecimentos de fi totecnia, fi siologia vegetal, solos, climatologia, economia, enfi m de engenharia agronômica é possível ajustar o programa de adubação nitrogenada a cada local/produtor. Esse ajuste local temos chamado de manejo integrado da adubação nitrogenada (MIAN).
Adicionalmente ao MIAN, é necessário ponderar qual a porcentagem do valor do custo de produção da batata será destinado à compra de fertilizante nitrogenado. Essa parece ser a pergunta mais atual e que necessita ser respondida
com especifi cidade para cada caso. Ou é necessário um “personal” agrônomo. Neste artigo trataremos das indagações
com que, quando, como, quanto e onde adubar além de critérios para recomendação da dose a ser aplicada do adubo nitrogenado.
Com qual adubo?
Há várias fontes de fertilizantes químicos, dentre eles: sulfato de amônio (20% de N), uréia (44% de N), nitrato
de cálcio (14% de N), nitrato de amônio (32% de N), nitrato de potássio (13% de N), mono e diamônio fosfato (9 e
16% de N, respectivamente). Existem também inúmeros adubos orgânicos nitrogenados de origem animal, vegetal
e agroindustrial que apresentam percentagem máxima de N de 5% (Souza e Resende, 2003). É importante conhecer
as características de cada fertilizante juntamente com o custo.
Quando aplicar o N?
Os fertilizantes são aplicados na cultura da batata no momento do plantio (pré-plantio), 20% do total indicado e o restante 80% em cobertura, antes da amontoa (Fontes, 1999). Em plantios de inverno com irrigação, essa recomendação pode ser invertida ou mesmo modifi cada. Isto é, toda a dose de N pode ser aplicada no momento do plantio (Silva e Fontes, 2005a). O sucesso do parcelamento é infl uenciado por diversos fatores como: época de plantio, solo, clima, dose, método de irrigação e ciclo da cultura, dentre outros.
Como colocar o N?
O adubo nitrogenado é aplicado de forma manual, geralmente em pequenas áreas. Em áreas maiores com adubadora
de tração animal ou mecanizada, Fontes, 2005). Recentemente, é mencionada a possibilidade da aplicação do fertilizante nitrogenado via água de irrigação (Marouelli e Fontes, 2006). É necessário considerar o custo em cada forma de aplicação.
Quanto de fertilizante aplicar?
Nos estados do centro-sul do Brasil, a dose de N recomendada varia de 60 a 250kg/ha-1 (Fontes, 1997). Entretanto,
na cultura comercial da batata brasileira, não é difícil encontrar produtores utilizando até 400 kg ha-1 de N. Uma recomendação geral é 190 kg ha-1 de N (Fontes, 1999), podendo variar de 170 a 210 dependendo da variedade (Busato,
2007).
Quanto de fertilizante aplicar?
Nos estados do centro-sul do Brasil, a dose de N recomendada varia de 60 a 250kg/ha-1 (Fontes, 1997). Entretanto,
na cultura comercial da batata brasileira, não é difícil encontrar produtores utilizando até 400 kg ha-1 de N. Uma
recomendação geral é 190 kg ha-1 de N (Fontes, 1999), podendo variar de 170 a 210 dependendo da variedade (Busato,
2007).
Em que local aplicar o adubo?
Quando aplicado manualmente o fertilizante nitrogenado é colocado no sulco de plantio junto com os demais fertilizantes, e em seguida, misturado ao solo. Em aplicações mecanizadas o adubo é colocado ao lado das plantas. Em cobertura, o fertilizante é colocado 5 cm distante do caule.
Critérios para adubação nitrogenada
Objetivando alcançar elevada produtividade na cultura da batata, grande parte dos agricultores aplicam N de forma descontrolada, sem critérios, fato que pode provocar excesso ou defi ciência desse nutriente nas plantas. Assim sendo, importância deve ser atribuída à utilização de determinado critério de adubação nitrogenada, ajustando-o com o tempo, experiência e conhecimento adquiridos com a cultura da batata. Diversos procedimentos podem ser adotados
para a recomendação da dose de N a ser adicionada ao solo. Os principais, enumerados e discutidos em (Fontes e tradicional ou empírico que é o mais simples e envolve a utilização de uma dose fi xa de N, em todas as situações. É possível utilizar a dose ótima econômica de N, obtida em experimentos localizados. Outra possibilidade é utilizar o valor
acumulado de N pela cultura. Outro método para estimar a dose de N é pelo produto da produtividade esperada e teor de N na planta, independentemente da contribuição do solo. Ainda sem consenso entre os pesquisadores, tem sido recomendado a adubação em função do teor de N no solo apesar deste critério ser parcialmente adotado em países como a Alemanha, Bélgica, Dinamarca e Suécia (Neeteson, 1995). Há outros critérios para recomendar a quantidade de N a ser aplicada, como por exemplo, o balanço entre a entrada-saída de N ou “balance sheet” (MacKerron et al., 1993) e os modelos de simulação (Neeteson, 1995). Adicionalmente, a dose complementar de N pode ser estimada pela apropriada
avaliação do estado nutricional de N da planta, especialmente quando realizado em tempo real, no próprio campo, de forma mais fácil e rápida. Existem inúmeros critérios para monitorar o estado de N das plantas dentre eles: a) análise química da matéria seca de folhas quanto aos teores de N e/ou de N-NO3-; b) determinação da concentração de nitrato na seiva do pecíolo, utilizando-se fi ta indicadora ou microeletrodo (Silva e Fontes, 2005b); c) avaliação da intensidade do verde das
folhas por meio de aparelho portátil, como o clorofi lômetro “SPAD” (Gil et al., 2002) ou por tabela de cor da folha (Silva e Fontes, 2006); d) por específi cas características fi totécnica ou agronômicas da planta (Coelho e Fontes, 2005). Qualquer que seja o método de avaliação do estado de N da batata, o mais importante é saber qual o padrão de comparação dos alores obtidos. Esse é um gargalo para o qual temos sugerido a criação de um padrão local (Fontes, 2001).
Qualquer critério de recomendação de adubação tem limitações. Normalmente, não consideram, de um lado, variações nos teores disponíveis de N em função da taxa de decomposição da matéria orgânica do solo e as perdas de N decorrentes da fi xação, lixiviação e denitrifi cação, e de outro lado não consideram a exata necessidade de N da planta. Mesmo assim, com as devidas anotações de fatos relevantes, a utilização de critério isolado ou em conjunto propiciará, ao longo do tempo, o ajuste fi no ou ajuste local ou a sintonia fi na da recomendação do fertilizante nitrogenado que precisa ser realizado em cada propriedade (Fontes, 2005; Fontes e Araujo, 2007). O MIAN permite ao produtor otimizar o uso de N pela cultura da batata, reduzir custos, aumentar a lucratividade e minimizar a poluição das águas de superfície e subterrâneas. É certo que maior precisão será alcançada quando conhecermos a capacidade do solo de fornecer N, a exata demanda da cultivar e a efi ciência de utilização do adubo nitrogenado. Nesse sentido têm sido direcionados os esforços
experimentais atuais.
Referências
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Samantha Zanotta, Fernando Javier Sanhueza Salas, Jesus Guerido Túfoli, Eduarda Seide Gomide Mizubuti, Ieda Mascarenhas Louzeiro Terçariol, Josiane Takassaki Ferrari, Ricardo Domingues, Ricardo Harakava. Instituto Biológico, São Paulo. A requeima é uma das...
IJoaquim Gonçalves de PáduaPesquisador – EPAMIG/FECDAv. Santa Cruz, 500 – 37780-000 Caldas/MG.(35) 3735-1101 – padua@epamigcaldas.gov.br Visita de produtores ao ensaio de Cultivares em Carandaí-MG (Arquivo Multiplanta) O Programa de Cooperação Técnica França...
Pedro Hayashi – Sócio proprietário(Engenheiro Agrônomo) Pirassu AgrícolaRua José Bonifácio, 530 – Centro- Sala 6 AVargem Grande do Sul/SP – 13880-000(19) 3641.6201 – jarril @uol.com.brescritório-pirassu@rantac.com.br A cultura da batata é tida como a mais...
Quero parabenizá-los pelo excelente trabalho que vocês têm realizado à frente da ABBA, especialmente pela publicação Batata Show, da qual sou leitor assíduo.Tenho visitado as regiões de Pouso Alegre, Poços de Caldas, Araxá e...