O preço da batata fresca ou in natura atingiu valores elevadíssimos nos últimos meses (abril – maio 2005) devido às condições climáticas adversas (seca e temperaturas elevadas) e à redução da área de plantio. Essa conjuntura provoca interessantes consequências, dentre as quais destacamos:
1- Formação do Preço: naturalmente baseado na oferta e procura, quando há excesso de oferta, os produtores são obrigados a se submeter às regras dos compradores. Essas regras normalmente incluem a famosa “barba†– descontos sobre o preço combinado – , aumento dos prazos de recebimento, exigências de melhor classificação dos tubérculos e aumento do risco de calotes. Quando há baixa oferta, a situação se inverte.
2- Importações: quando os preços pagos aos produtores ultrapassam a barreira de R$ 30,00 a R$ 40,00/sacos de 50 kg, ocorrem importações principalmente da Argentina. Os produtos importados frequentemente apresentam desconformidades com as legislações natuais vigentes: terra aderida aos tubérculos, classificação inadequada, brotações, excesso de tubérculos podres e lesões na pele, causadas por patógenos, insetos ou danos mecânicos.
3- Irregularidades: Situações graves como contrabandos, lavagem de batata importada em território brasileiro e colocação de menor peso nas embalagens são exemplos de práticas ilegais que ocorrem principalmente em épocas de preços elevados.
4- Aumento da Ãrea de Plantio: geralmente, após um período de bons preços, muitos produtores se animam e aumentam suas áreas de plantio. A utilização de batata de semente de baixa qualidade e a coincidência da época de colheita provocam situações catastróficas: aumento de sérios problemas fitossanitários, baixa qualidade da produção, queda absurda de preços e quebra de muitos produtores.
5- Retração de Consumo: os elevados preços e, normalmente, a baixa qualidade do produto ofertado provocam a migração dos consumidores para outros produtos. A situação se agrava principalmente nas grandes redes de varejo, onde é adicionada uma margem excessiva de lucro. Há casos frequentes de batatas ofertadas por mais de R$ 3,00 ou R$ 4,00/kg aos consumidores.
Mediante essas considerações, sugerimos algumas medidas para a solução dos problemas acima citados:
1. Formação de Preços: o ideal seria uma organização profissional dos produtores, para atuarem nas definições dos preços. Há muitos anos estas importantes definições são tomadas por intermediários e mais recentemente pelas grandes redes de varejo. Quanto aos descontos, sugerimos modernizar o sistema de classificação e obrigar os bancos a se responsabilizarem pelos pagamentos realizados com cheques sem fundos.
2. Importações e Irregularidades: sugerimos fiscalizações rigorosas em nível interno e nas fronteiras, baseadas em legislações modernizadas. As ameaças de introdução de patógenos exóticos e as frequentes importações de produtos de qualidade duvidosa justificam estas medidas.
3. Aumento da Ãrea de Plantio: o ideal seria a obrigatoriedade da certificação de batata semente, visando evitar o desvio de uso de batata consumo para semente, que provoca disseminação de doenças. Outra medida importante seria a realização de acordos entre as principais regiões produtoras, para definir um escalonamento das áreas de plantio e evitar períodos de super-oferta.
4. Retração de Consumo: Sugerimos o controle dos preços abusivos praticados por algumas redes de varejo. Situações como esta muitas vezes contribuem para aumentar a fome no país e criar uma imagem negativa dos produtores de batata.
Autor: Natalino Shimoyama, Gerente Geral ABBA
Fonte: Revista Cultivar HF - Junho/Julho 2005 - Ano VI - nº 32
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