Natalino Shimoyama
Diretor Executivo – ABBA
O desemprego se transformou em um dos maiores desafios da humanidade. Essa tragédia humana foi provocada pelo atual sistema político e econômico que domina o mundo – o capitalismo globalizado.
A disseminação de tecnologias, as fusões de empresas priorizando a riqueza de pessoas e empresas provocaram desemprego em massa. Exemplo: bancos, empresas de pesticidas e fertilizantes etc.
As legislações trabalhistas no Brasil obrigando a realidade a se adequar às ideologias também provocaram desemprego, falência de produtores e importações de máquinas, principalmente colhedoras.
Atualmente, quando se viaja “por terra” é impressionante a “mudança da paisagem”. Nas regiões que predominam a cana de açúcar as estradas são desertas e as cidades pobres, por outro lado quando predomina a produção de cereais e hortaliças as cidades são mais ricas e as estradas movimentadas. Não é difícil entender a razão de situações opostas – a mecanização substituiu a mão de obra.
Não é justo criticar a cana de açúcar. A obrigatoriedade de colheita mecanizada desempregou 100% dos trabalhadores que tinham na colheita manual a única opção de renda. Apesar do sol quente, da boia fria, da água morna, do banheiro a céu aberto, os milhares de cortadores de cana levavam uma vida dura, mas digna. Atualmente sem trabalho, a maioria das famílias vivem repletas de desgraças – divórcios, alcoolismo, delinquência, drogas, prostituição etc.
Apesar da colheita mecanizada da batata ser possível somente em solos leves (arenosos) e inviáveis em solos pesados (argilosos – os tubérculos sofrem danos mecânicos devido ao atrito com os torrões), o número de colhedoras de batata aumentou de menos de 10 para mais de 200 nos últimos 20 anos. A impossibilidade de cumprir as exigências das legislações trabalhistas foi decisiva para desempregar milhares de catadores de batata e levar à falência centenas de produtores.
Ao visitar uma colheita de batata, cenoura, cebola, alho etc., encontramos ex-presidiários, analfabetos, idosos, migrantes, imigrantes, pessoas que não conseguem nenhum emprego na terra natal.
Ao conversar com os catadores ouvimos relatos repletos de realidades “cruéis” – este é o único serviço que consigo por ser ex-presidiário; tenho pouco estudo e a única coisa que sei fazer é trabalhar na colheita de batata, cenoura e cebola; sou aposentado e recebo um salário, não dá pra passar o mês, ainda bem que tem esse serviço; essas máquinas de colher batata e cenoura vão acabar com o nosso emprego… aí nós estamos perdidos; eu prefiro catar batata a receber salário família; nós trabalhamos nas lavadoras no RS, PR e SP, voltamos pra casa só final do ano, lá não tem mais serviço; nós viemos do MA para trabalhar em GO na colheita do alho, cenoura, cebola e batata… a família fica lá e nos voltamos no final do ano para o Natal; se não fosse a catação de cenoura e batata a gente estava passando fome, graças a Deus que tem esse serviço.
Ao perguntar quanto ganham eles (as) respondem – depende da produção e da pessoa. Alguns ganham R$ 100,00, mas tem gente esperta que tira mais de R$ 200,00 por dia.
Apesar da importância social dos empregos, das recentes mudanças positivas nas legislações trabalhistas (com destaque para exclusão de pelegos e advogados desonestos), o governo atual deve ouvir e realizar mudanças estratégicas para incentivar os produtores a gerarem empregos aos brasileiros marginalizados, escanteados, descartados, abandonados etc.
A legislação trabalhista deve se adequar à realidade. Algumas situações são absurdas considerando diferenças extremas como quando se aplica as mesmas regras às atividades a céu aberto e às em ambiente coberto e climatizado. Algumas situações chegam a ser bizarras, como por exemplo, a tolerância máxima de duas horas extras. Justificando – imagine a seguinte situação: trabalhadores que residem a 1000 km trabalhando em uma lavadora de batata durante três meses no período da safra. O preço da batata chega a R$ 250,00 (50 kg) e compradores implorando para comprar. O produtor acelera ao máximo a colheita no campo e acumula boa quantidade de batata para lavar. Começa a chover e não pára durante 10 dias. Eis que chega a fiscalização no primeiro dia de chuva e determina o cumprimento da lei – duas horas extras e nada mais.
Resultado Prático: Os trabalhadores deixaram de ganhar e tiveram que ficar dormindo até a chuva passar, o produtor negou para não ser multado e deixou de vender pelo preço “espetacular”, o mercado ficou praticamente desabastecido, muitas batatas que poderiam ter sido colhidas e lavadas apodrecem no campo. Detalhe – o produtor poderia ter pagado as dívidas e acabou por se endividar mais e quebrou. Ridículo, não acham? Precisa mudar a lei!
Neste ano em que merecidamente te homenageiam, oh batata, que todos os teus clones sejam venerados, não importa tua idade ou tua origem. Simplesmente serás brasileira se nosso solo aqui te acolhe. Saúde e...
Pedro Hayashi – Pirassu AgrícolaSócio-proprietário (Eng. Agrônomo)Rua José Bonifácio, 530, Centro, Sala 6 AVargem Grande do Sul/SP – CEP: 13880-000(19) 3641.6201jarril@uol.com.brescritorio-pirassu@rantac.com.br No Mercado fresco, o padrão de batatas sem dúvida foi introduzido pelas variedades...
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