A Grande Fome na Irlanda e a Situação Atual do Brasil

A capa desta edição faz uma analogia entre catástrofes como a Grande Fome na Irlanda e a situação atual do Brasil.

As causas e as consequências da tragédia irlandesa servem de referência para entendermos a tragédia brasileira.
A batata foi introduzida na Irlanda como planta de jardim. Em finais do século XVII tornar-se-ia um alimento suplementar, enquanto a dieta principal ainda era baseada em pão, leite e produtos baseados em grão de cereal. Nas primeiras duas décadas do século XVIII, a batata passou a ser o alimento
de base dos pobres, principalmente no inverno.

A expansão da economia entre 1760 e 1815 viu as batatas ocuparem o lugar de alimento principal durante todo o ano em todas as pequenas propriedades
rurais. A batata foi introduzida no Brasil há cerca de 300 anos e se transformou na principal “mistura” da população mais pobre durante muitas décadas,
ou seja, milhões de brasileiros consumiam regular- mente arroz, feijão e batata cozida com carne de vaca e frango. Assim como na Irlanda, a produção
de batatas se concentrou em pequenas propriedades rurais.
A grande fome na Irlanda foi um período de fome, doenças e emigração em massa entre 1845 e uma data variável entre 1849 e 1852 em que a população
da Irlanda reduziu entre 20 e 25 por cento.
A fome provocou a morte a cerca de um milhão de pessoas e forçou mais de um milhão a emigrar da ilha.

A causa mais próxima da fome foi uma doença provocada por Phytophthora infestans, que contaminou em larguíssima escala as batatas em toda
a Europa durante a década de 1840. Apesar de a Europa inteira ter sido atingida, um terço de toda a população da Irlanda dependia unicamente de baA
Grande Fome na Irlanda e a Situação Atual do Brasil tatas para sobreviver, e o problema foi exacerbado por vários fatores ligados à situação política, social e econômica. Assim como na Irlanda, no Brasil dezenas de milhões de brasileiros estão famintos, doentes e até mesmo emigrando para muitos países em busca de uma vida melhor, porém, a causa principal não foi um problema fitossanitário, ou seja,
no Brasil a causa foi uma praga asquerosa denomi- nada – corruptos.
Desde 1801 a Irlanda era governada como par- te do Reino Unido da Grã-Bretanha.

Os católicos eram aproximadamente 80% da população, a maioria vivendo em condições de pobreza e insegurança. No topo da pirâmide social estava a classe
ascendente protestante, os ingleses e as famílias anglo-irlandesas, que eram donas das maiorias das terras, e que tinham poder ilimitado sobre seus domínios. Muitos desses donos de terras viviam em Inglaterra e eram chamados de “aristocracia ausente”.
Eles usavam agentes para administrar suas propriedades, e o lucro era enviado para a Inglaterra. Uma boa parte deles nunca chegou a ir à Irlanda.
Enquanto na Irlanda as remessas eram de lucros da produção agropecuária para a “aristocracia ausente”, no Brasil as remessas das vultosas propinas são
para as contas dos corruptos asquerosos. A perda das culturas em 1845 foi estimada em 50%. Em 1846, três quartos das colheitas foram perdidas devido à peste. Em dezembro, um terço de milhão de pessoas destituídas foram empregadas pelo serviço público. No outono de 1846, as primeiras mortes por fome foram registradas. Batatas para plantio estavam em falta em 1847, e poucas germinaram, então a fome continuou. Em 1848, a produtividade foi apenas dois terços do normal.
Mais de três milhões de irlandeses eram dependentes de batatas para alimentação, então fome e mortes eram inevitáveis. No Brasil, milhares de pessoas empregadas para ocupar cargos de confiança recebem generosos salários, ao mesmo tempo em que a estabilidade garantida por lei protege muitos servidores extremamente improdutivos.

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