Pqc. Afonso Peche Filho /CEA/ IAC peche@iac.sp.gov.br
Com o propósito de desenvolver uma “nova bataticultura”, a IHARABRAS e seus parceiros, a MAFES Implementos Agrícolas e o Centro de Engenharia e Automação do IAC, vêm estudando e aprimorando as diferentes operações que compõem a produção de batata dentro de um princípio de gestão, o SISTEMA PLANTA FORTE, que é voltado para a sustentabilidade, qualidade e competitividade. Dentre as operações relacionadas com tratos culturais, a amontoa é uma das mais tradicionais e tem como característica o “amontoamento ou chegamento” de terra ao “pé” da planta. Em sistemas convencionais a amontoa é realizada quando as hastes atingem de 25 a 30 centímetros de altura, entre 25 e 35 dias após o plantio, podendo ser manual ou mecanizada, utilizando sulcadores ou equipamentos rotativos. A amontoa tem como objetivos: estimular a tuberização, controlar o esverdeamento dos tubérculos, controlar o mato, proteger a planta dos fitopatógenos e insetos, alem de melhorar a eficiência da fertilização em cobertura.
No SISTEMA PLANTA FORTE a amontoa é muito valorizada e considerada uma operação imprescindível para otimizar tecnologias e obtenção de altas produtividades. Uma boa amontoa começa com um preparo de solo bem nivelado, sem torrões, com material orgânico bem picado e bem incorporado; passa por uma semente de qualidade, de tamanho médio ou acima, sendo distribuída no sulco mantendo uma uniformidade e regularidade na distância e na profundidade de plantio.
Padrão de amontoa no Sistema Planta Forte – Batata
No SISTEMA PLANTA FORTE, ao contrário da recomendação tradicional, preconiza-se que o plantio seja raso, em torno de 5 a 7 cm de profundidade para facilitar a emergência rápida e segura das brotações presentes na batata-semente. Nesta fase a exigência de água é mínima e a pouca terra facilita uma emergência uniforme. Logo no inicio da eclosão, momento em que dá para perceber sinais da linha de plantio, recomenda-se a aplicação do fertilizante em cobertura, principalmente o potássio, e imediatamente após a realização da “fresa” ou “amontoa antecipada” que consiste na adição de 7 a 10 cm de terra sobre os primórdios foliares e na construção de uma “sólida” leira ou camalhão de 30 a 35 cm de altura com seção trapezoidal alojando adequadamente a planta para o pleno desenvolvimento vegetativo. A qualidade e o tamanho da batata semente fazem o diferencial nesta técnica, pois o vigor e a sanidade do tubérculo-mãe permitem que as células das hastes façam o metabolismo do amido e continuem o processo de eclosão, tornandose mais longas e vigorosas, prontas para iniciar a formação do sistema radicular e a emissão de estolões.
A “fresa” ou amontoa antecipada é uma operação realizada em baixa velocidade, de 3 a 4 km/h, com o solo no estado friável (ponto de aração), por um implemento rotativo acoplado no sistema hidráulico do trator. Propicia uma “adição” de terra na medida certa e no momento certo, estimulando que a tuberização ocorra bem acima da linha de plantio e com um volume de terra suficiente para assegurar a integridade da leira até a hora da colheita.
Essa operação também é fundamental para o sucesso no manejo do mato, propiciando o controle da sementeira por abafamento e disponibilizando uma superfície de solo bem preparada para receber adequadamente um produto químico seletivo, permitindo que o efeito do herbicida pré-emergente seja otimizado possibilitando a persistência de ação até por dois meses e contribuindo para que na época da colheita a lavoura esteja livre de mato, favorecendo a colheita mecanizada. Como efeito catalisador de uma boa operação, a amontoa antecipada permite também um ótimo controle na incidência de tubérculos esverdeados, principalmente em função da construção de uma leira trapezoidal de base larga e altura compatível com altas produtividades. Quando os tubérculos começarem a encher, a leira vai trincando e, com o manejo da água de irrigação, a terra de cobertura vai acomodando, fundindo as fendas e impedindo que a luz atinja o tubérculo.
O manejo integrado de doenças é consideravelmente otimizado com a adoção de uma amontoa antecipada e bem feita. A operação garante a proteção dos tubérculos, evita o ferimento nas hastes e consequentemente fecha a porta para a contaminação por fungos e bactérias. Além disso, esse tipo de amontoa promove um arejamento e drenagem na leira evitando pontos de encharcamento tão favoráveis ao desenvolvimento de fitopatógenos.
Com relação ao manejo integrado de pragas, a amontoa antecipada bem feita, produz leiras intactas, sem fissuras ou fendas, constituindo-se como uma barreira física, dificultando a entrada de fêmeas e larvas, principalmente de vaquinhas e traça da batata. A amontoa antecipada permite ainda, a quebra de crostas superficiais permitindo um ambiente mais ameno no interior da leira, favorecendo também a permanência de uma umidade salutar para a planta em meio de uma melhor aeração e drenagem. Uma leira bem formada na época da colheita previne também possíveis danos causados por geadas. A integridade da leira permite ótimo desempenho operacional de colhedoras.
No SISTEMA PLANTA FORTE a operação de amontoa é considerada estratégica e norteadora de ações para integração de recursos. A visão mais ampla de seus efeitos permite elencar vários pontos de gestão que possibilitam avanços consideráveis em relação a otimização de competitividade das lavouras brasileiras. No quadro 1 podemos analisar os principais pontos para a gestão operacional considerados no SISTEMA PLANTA FORTE.
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