A indústria e seu papel na profissionalização da cadeia produtiva da batata

Newton Yori Nori Engenheiro Agrônomo


Nos últimos anos, a indústria tem proporcionado mudanças importantes no sistema de produção de batata no Brasil. Podemos citar diversos tipos de uso industrial : chips, pré-frita congelada, pré-cozida, liofilizada e fécula/amido. Porém, dentre todos esses segmentos de processamento de batata, gostaria de me aprofundar na indústria de batata chips, que é atualmente o ramo de processamento que mais trabalha com matéria prima produzida no país.


A produção de batata sempre esteve à mercê das oscilações de mercado, baseada na lei da oferta e procura, com o produtor sempre exposto ao risco. O que a indústria trouxe ao produtor hoje é uma proposta de negócio muito mais profissional, através da produção contratada, que permite a venda garantida da batata a preços e níveis de qualidade pré-estabelecidos, manutenção de um portifólio de atividades, transferência de tecnologias e mais recentemente, compartilhamento de riscos e contratos de longo prazo.


Mas como em toda atividade, novos mecanismos de trabalho trazem em um primeiro momento, incertezas e desconfianças, mas que, quando bem trabalhados, podem através do estabelecimento de sistemas de parceria, trazer benefícios mútuos. Ao produtor, por permitir a redução de seus custos de produção (através do planejamento antecipado de suas atividades, aumento da produtividade e volume) e aumento da rentabilidade. À indústria, proporcionando um fornecimento constante de matéria prima, pois é de seu interesse ofertar ao consumidor um produto de boa qualidade durante todo o ano, com a menor oscilação de preço possível.


Do ponto de vista técnico, diversas medidas tem sido incentivadas pela indústria, que, se não são inovadoras, seguramente vão de encontro a uma atividade agrícola moderna e profissional. Dentre as que mais se destacam, podemos citar o incentivo à colheita mecanizada, criação de programas de melhoria de qualidade, treinamento e capacitação de técnicos e produtores, incentivo à produção e uso de semente nacional de boa qualidade, pesquisa e difusão de melhores práticas culturais e busca incessante de variedades com boas características de processamento industrial. Não é por acaso que a maioria dos agricultores especializados em produção de batata para indústria, que obtinham há cerca de 5 anos rendimentos de 16 a 18 t/ha, atualmente possuem produtividade média de 25 t/ha, contra uma média nacional de 16 t/ha.


A adoção de protocolos e rigor científico em pesquisa também são pontos que a indústria tem trabalhado fortemente, através de elaboração de trabalhos técnicos dos mais diversos temas (fertilização, melhoramento genético, manejo fitossanitário, qualidade, irrigação e mecanização) em parceria com empresas privadas, universidades e principais institutos de pesquisa do país.


Por tudo isso, hoje a indústria parece exercer o seu papel dentro da cadeia produtiva, como gerador e difusor de tecnologia, de forma a proporcionar maior eficiência a si mesma e a seus parceiros comerciais, no intuito de crescer com consistência em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado.


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