Multiplicação de valores

O atual sistema de comercialização é considerado o principal problema da Cadeia Brasileira da Batata.
A discussão deste assunto é muito complexa, por isso nesta oportunidade restringiremos nossos comentários e sugestões somente sobre a questão da classificação. Nas próximas oportunidades pretendemos escrever sobre a identificação, os descontos (vulgarmente chamado de “barba”), a inadimplência, as legislações vigentes, etc.

A classificação atual é baseada no diâmetro dos tubérculos que resulta nas seguintes classes: Florão, Especial, Primeira, Segunda, Pirulito ou Bolinha e Diversas.

A Florão é vendida principalmente para ser consumida como batata assada ou internacionalmente conhecida como “backed potato”. Imagine um saco (50 kg) com batatas de 250g a 500g, ou seja, de 100 a 200 tubérculos sendo vendidos pelos produtores aos atacadistas a R$ 15,00 e cada “backed
potato” sendo vendida aos consumidores em media por R$ 5,00 a R$ 10,00…

A classe Especial mistura tubérculos que variam de 100g a 250g no mesmo saco. Naturalmente nas quitandas, sacolões, feiras e supermercados os consumidores que chegarem primeiro escolherão o tamanho que desejarem, enquanto os que chegarem depois terão que pagar o mesmo preço pelas batatas menores. Algumas redes de varejo aproveitam a oportunidade para misturar batatas de classificação inferior (primeira ou segunda) e continuam a vender pelo mesmo preço… Imagine o produtor vendendo uma saca de Especial de R$ 30,00 a R$ 40,00 e principalmente as grandes redes de varejo vendendo por R$ 1,50 a R$ 2,00 / Kg aos consumidores.

As batatas classificadas como Primeira e Segunda (tubérculos de 30 a 80g) muitas vezes são vendidas em promoções nas grandes redes de varejo. Aliás esta tem sido uma “tática” muito utilizada para atrair os consumidores. Imagine o produtor vendendo batatas classificadas como Primeira ou Segunda por R$ 10,00 a R$ 15,00 / saco aos atacadistas e varejistas e os consumidores pagando em media R$ 0,10 a R$ 0,50 / Kg. Vale lembrar que frequentemente algumas redes de varejo vendem batatas abaixo do preço pago ao produtor ou pressionam os mesmos a fornecer gratuitamente… senão ele será substituído por outro fornecedor.

As batatas Pirulito ou Bolinha (tubérculos de 30 a 50g) são vendidas principalmente como aperitivos em bares, restaurantes ou vão de coadjuvante do “file mignon” no prato principal de muitas empresas que organizam casamentos. Geralmente o produtor vende esta batata por menos de R$ 15,00 / saco. Imagine um saco de Pirulito transformado em espetinho alcançando de R$ 600,00 a R$ 800,00 e os “buffets” cobrando de R$ 35,00 a R$ 60,00 / pessoa…

As Diversas (tubérculos deformados ou com danos superficiais) normalmente são destinadas à indústriade batata palha ou indústria de “seleta” – batata cozida enlatada. O produtor recebe menos de R$ 10,00 / saco. Se considerarmos que a conversão de batata fresca para batata palha é de 1:4, ou seja, para cada 4 Kg de batata frita obtém-se 1 Kg de batata palha e o preço médio pago pelo consumidor é de R$ 15,00/ saco… um saco de diversas se transforma em R$ 187,50…

Mediante este cenário podemos concluir que os produtores recebem pouco e consumidores pagam muito… Que tal tentarmos negociar uma distribuição equilibrada… ou que será da produção nacional a curto e médio prazo?

Autor: Natalino Shimoyama, Gerente Geral ABBA

Fonte: Revista Cultivar HF - Fevereiro/Março 2005 - Ano VI - nº 30

http://www.cultivar.inf.br/
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