Viroses de batata transmitidas por tripes

Alice Kazuko Inoue Nagata, Pesquisadora da Embrapa Hortaliças – Km 09, BR060,
C.P. 218, Cep 70.359-970, Brasília, DF – fone: (61) 3385.9053, (61) 3556.5744
alicenag@cnph.embrapa.br


Tatsuya Nagata – Professor da Universidade Católica de Brasília – SGAN 916, Asa Norte, Cep 70.790-160, Brasília, DF – fone: (61) 3448.7169, (61) 3347.4797
tatsuya@pos.ucb.br


A cultura da batata é susceptível a inúmeras infecções causadas por vírus, que podem ocasionar perdas substanciais na produtividade. Atualmente, houve um grande aumento de relatos de ocorrência de infestação da cultura por tripes. Ao contrário de que muitos imaginam, os recentes ataques de tripes podem não resultar no aumento de doenças. A espécie de tripes mais problemática em batata é provavelmente o Thrips palmi e ainda não se tem nenhum registro no Brasil de vírus que são transmitidos por esta espécie.


Os tripes transmitem os vírus causadores do vira-cabeça do tomateiro. Estes vírus são conhecidos como tospovírus. No Brasil, seis espécies de Tospovirus são conhecidas e quatro dessas seis representam uma ameaça para a bataticultura: Tomato spotted wilt virus (TSWV), Tomato chlorotic spot virus (TCSV), Groundnut ringspot virus (GRSV) e Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV). Dentre estas, TSWV e GRSV predominam nas várias regiões de produção de hortaliças, principalmente o GRSV.
Não é possível distinguir as espécies pelos sintomas apresentados pelas plantas infectadas.


Os sintomas mais característicos do vira-cabeça são o aparecimento de pontos ou manchas necróticas (de cor marrom palha, como se tivesse sido queimado) nas folhas ou caule, principalmente no topo da planta. Estes sintomas podem evoluir e paralisar o crescimento ou mesmo matar a planta, mas também podem ficar restritos a uma rama sem atingir a planta inteira. Os tripes não têm asas verdadeiras e não são capazes de voar a uma longa distância. Os principais gêneros importantes para a agricultura são Thrips e Frankliniella. Estes insetos constituem-se em pragas sérias e podem causar grandes prejuízos à cultura se não forem tomadas medidas de controle eficientes. As fêmeas são maiores que os machos e têm maior atividade, principalmente durante o seu processo de produção de ovos. Os principais problemas do seu ataque são os danos provocados nas folhas pela escarificação da epiderme, impedindo o crescimento normal da planta e os ferimentos provocados nos frutos.


A identificação dos insetos é difícil e há poucos especialistas no Mundo com experiência na sua classificação. A diferenciação entre Thrips e Frankliniella e suas espécies só pode ser feita a partir de análise em microscópio óptico de insetos montados em lâminas. Portanto, a simples observação dos insetos no campo não permite a sua classificação.


A transmissão dos tospovírus ocorre de maneira circulativa-propagativa, isto é, o vírus é ingerido pelo inseto, circula no seu corpo, multiplica-se e é transmitido às plantas durante a alimentação do tripes. Somente os adultos que se alimentaram em plantas doentes durante a fase de ninfa podem se tornar transmissores dos vírus. Até hoje nove espécies foram relatadas no Mundo como transmissoras de tospovírus. Dentre estas espécies, Frankliniella occidentalis, F. schultzei, F. zucchini e Thrips tabaci já foram relatadas no Brasil como transmissores dos tospovírus. Apesar da ocorrência de T. palmi aqui, não há nenhuma evidência que seja vetora de tospovírus brasileiros. Esta espécie foi relatada como vetora de algumas espécies asiáticas de tospovírus, que diferem consideravelmente das espécies brasileiras.


O controle dos tospovírus deve ser realizado de modo preventivo. Não há evidências de transmissão pela batata-semente. Não se deve realizar o plantio escalonado e em locais com comprovada presença de tripes transmissores. O plantio deve sempre ser antecedido de eliminação completa dos restos culturais, pelo menos com duas semanas até o plantio. Quando disponível, utilizar variedades resistentes. O controle dos tripes deve ser feito de maneira integrada com a seleção dos inseticidas apropriados aplicados de maneira adequada. Quando possível, retirar da lavoura as plantas infectadas para não servir de fonte de vírus para as outras plantas sadias.
 
 

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