Quando um produtor de batata, destinada à propagação, verifica a existência de defeitos fisiológicos em seu material após o armazenamento, procura, quase sempre, atribuir esses defeitos a problemas ocorridos na câmara frigorífica.
Defeitos fisiológicos em tubérculossemente associados ao ambiente de armazenamento têm, normalmente, três causas: temperaturas excessivamente altas; temperaturas excessivamente baixas; ou ausência de oxigenação suficiente. No primeiro caso, o sintoma sempre claro é a brotação excessiva nos tubérculos armazenados, pois seu período de dormência não teria sido prolongado pela baixa temperatura recomendada para o armazenamento. Temperaturas próximas as de congelamento, simplesmente, causam a morte dos tubérculos, não havendo nesse caso interação com as variedades armazenadas. Um problema desse tipo deveria afetar todos os lotes de batata-semente armazenados em uma mesma câmara. Tubérculos armazenados em blocos compactos, onde não fosse possível a chegado de oxigênio ao centro dos blocos, podem manifestar o sintoma conhecido como “coração preto”, onde células do centro geométrico do tubérculo morrem, formando uma massa negra, seguida ou não do ocamento do tubérculo.
A partir de 2004, o Instituto Agronômico recebeu uma série de consultas sobre esse problema, no cultivar Monalisa. As análises efetuadas permitiram o reconhecimento de diferentes graus de intensidade, conforme mostram as fotos.

Ilustração 1: Sintomas iniciais

Ilustração 2: Sintomas intermediário

Ilustração 3: Estágio avançado.

Ilustração 4: Escala de sintomas
Inicialmente, apenas se reconhece a presença de manchas de coloração castanho- avermelhada, no terço superior do tubérculo, nas regiões exteriores à medula, que permanecia intacta. Posteriormente, as regiões afetadas passam a ter uma coloração branco-azulada, desenvolvendo- se paralelamente ao eixo longitudinal do tubérculo, já com a presença de ocamento.
Em estádio mais avançado, a parte oca ocupa a maior parte do terço superior do tubérculo interna a região vascular. Esse ocamento pode, contudo, atingir a superfície externa, quando então é comum o apodrecimento, possivelmente sendo esse induzido por organismos oportunistas. Em alguns casos, nota-se ainda o remanescente da região medular. Verificando-se a escala sintomatológica, verifica-se claramente não se tratar do “coração preto”. Por se tratar de cultivares que, normalmente, apresentam problemas de brotação relacionados ao suprimento de cálcio, suspeitou-se que esse elemento poderia estar relacionado a sua causa. Submetidos a análise os teores de cálcio dos tubérculos mostraram-se normais. Mas, quando plantados deram origem a plantas anômalas, com sintomas típicos da deficiência desse elemento. Em 2007, problema similar foi constatado em material armazenado em Vargem Grande do Sul, no cultivar Cupido. Aqui, a película externa dos tubérculos também mostrava sintomas, caracterizados por um notório enrugamento dos tubérculos afetados em relação aos normais.
Diferentemente do caso anterior, os tubérculos afetados podiam perder completamente a capacidade de brotação; e seus sintomas internos mostravam diferenças na intensidade dos sintomas em relação ao eixo do tubérculo, não tendo sido verificada a ocorrência de ocamento. Mesmo tubérculos com a película lisa podiam ter sintomas internos (Ilustração 7).

Ilustração 5: Planta originada de tubérculo afetado

Ilustração 6: Tubérculos afetado (acima) e normais (abaixo)

Ilustração 7: Cupido, pele lisa, sem brotos e com manchas internas
Os cultivares que apresentaram essa anomalia, além de Caesar que segundo informações também pode ter o problema, são de brotação tardia e, normalmente, mostram-se mais sujeitos a terem problemas de brotação associados à deficiência de cálcio. Embora mais estudos sejam necessários para a perfeita correlação entre uma adubação cálcica deficiente na produção da batata-semente e a ocorrência de necroses internas, sugerimos que esse tema seja levado em consideração na produção de semente desses cultivares.
Hilario da Silva Miranda Filho
Centro de Horticultura
Instituto Agronômico – APTA
hilario@iac.sp.gov.br
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